Lançada no BCI a obra ‘Xirico Vozes de paz em Moçambique’

‘Xirico Vozes de paz em Moçambique’ é o título da obra do escritor moçambicano Nelson Moda, lançada, na segunda-feira (6), no Auditório do BCI, em Maputo. Ela estuda a dinâmica do processo que conduziu ao Acordo Geral de Paz, assinado há trinta anos, em Roma.
A apresentação, deste livro que compreende mais de duzentas entrevistas concedidas por personalidades moçambicanas e estrangeiras, foi assegurada pelo antigo presidente da República, Joaquim Chissano, pelo académico Brazão Mazula e pelo pároco da Catedral de Maputo, Giorgio Ferretti.
Na qualidade de anfitrião do evento, o director de Relações Públicas do BCI, Heisler Castelo David, referiu a importância da temática da paz, cerne de uma obra que, “para além de trazer depoimentos dos principais actores que vivenciaram o processo de restabelecimento da paz, fornece elementos para um cada vez maior enquadramento do contexto histórico, e para a valorização da própria paz em Moçambique, um condimento básico para o desenvolvimento”. E acrescentou: “constitui, pois, para nós um prazer poder partilhar o espaço do Auditório do BCI, esta centralidade na cidade de Maputo, para o lançamento desta importante ferramenta académica. Este é mais um sinal do compromisso do BCI com o livro, com a literatura e com a cultura”.
Para Giorgio Ferretti, “a memória de um povo é fundamental. Escrever a história e fazer com que os mais jovens compreendam o que aconteceu é um bem absoluto. É para evitar que o mal do passado se repita, e se possa preservar o bom trabalho feito para a construção da paz” – disse.
Por seu turno, Joaquim Chissano frisou que, nesta obra, “os adultos se recordarão da tragédia da guerra e os mais jovens seguramente jamais almejarão guerra alguma”. Recordou algumas memórias do processo que conduziu à paz, indicando que “o que constitui um diferencial na abordagem deste livro é a forma como o autor conseguiu fazer falar os moçambicanos de diferentes extractos sociais”. Evocou, igualmente, o rádio Xirico: “para os que o sintonizavam, chegavam outras notícias diferentes das da propaganda da guerra. Já não se escutavam as vozes da rádio Moçambique livre, escutavam-se mensagem de esperança. O lindo passarinho, o xirico, voltava a cantar com o seu alto som, com apelo à paz e à reconciliação”.
Já o autor, Nelson Moda, agradeceu ao BCI que “não só para mim mas para tantos outros artistas e escritores deixa sempre à disposição esta casa. De facto, como moçambicanos, precisamos de um espaço onde possamos manifestar a nossa cultura, os nossos saberes, as nossas dúvidas”. E a finalizar rematou: “não há olhar melhor do que aquele que sai de fora. Eu fiz o que consegui fazer, coloquei por escrito o que consegui colocar, mas os consumidores, os leitores são vocês. Estou aberto para qualquer crítica, qualquer conselho… para melhorias. Porque, de facto, se nós não escrevermos a nossa própria história, se não nos aventurarmos a registar a nossa própria história, com toda a perfeição enquanto testemunhas […] virão os que poderão escrever por nós e se calhar de forma mais distorcida.