Sarau de poesia enche auditório do BCI

Com o título ‘Empresta-me os teus olhos’, o auditório do BCI esgotou a sua lotação ao acolher, na última sexta-feira, dia 16, o Sarau de poesia organizado pelo poeta e declamador Salvador Muchidão.
Segundo explicação do próprio, a razão do título prende-se com ‘um pedido de empréstimo de olhos de um albino para ele, Muchidão, ver o mundo como o outro, neste caso um albino, vê. “Vejo como o albino vê e o albino vê como eu vejo. O Mundo é o mesmo”, sintetizou o poeta. Para Salvador a poesia, para além da sua componente estética e de alma, é um modo de intervenção social, de chamar a atenção para aquilo que pode ser melhorado na sociedade. No caso de ‘Empresta-me os teus olhos’ o autor pretendeu enfatizar a discriminação que está associada a pessoas portadoras de albinismo, como rejeição familiar e social, perseguições por crenças associadas ao obscurantismo, tráfico de órgãos, etc.
O evento foi marcado pela declamação de poesia, acompanhada por música, que arrancou sorrisos e lágrimas da plateia. Entre os poemas apresentados destacaram-se “Vivo por ela”, onde o sujeito poético fez uma declaração de amor para uma mulher com albinismo, “Tu serás para sempre minha menina, com tanta mulher sem carácter, seria loucura deixar de te amar por falta de melanina.” Antes da apoteose final Muchidão declamou “Doutora és tu minha mãe”, um poema que está directamente ligado à vida do autor, o que levou o público, emocionado, a aplaudir de pé.